Espetáculo Um Grito Parado no Ar chega ao Itaú Cultural com sessões gratuitas

O grupo Teatro do Osso leva Um Grito Parado no Ar para o Itaú Cultural, com apresentações de 29 de maio a 1º de junho, em sessões de quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. A entrada é gratuita.

Sob direção de Rogério Tarifa, a montagem revisita o clássico de Gianfrancesco Guarnieri, refletindo sobre a criação artística em tempos de repressão. A dramaturgia, atualizada por Jonathan SilvaTarifa e o grupo, estabelece pontes com o Brasil de hoje, sem perder o espírito crítico e metateatral que consagrou a peça.

Gianfrancesco Guarnieri foi ator, diretor, dramaturgo e poeta italiano naturalizado brasileiro. Figura central do Teatro de Arena de São Paulo, Guarnieri marcou a dramaturgia nacional com textos que abordavam questões sociais e políticas. Entre suas obras mais significativas está Eles Não Usam Black-Tie, reconhecida como um marco do teatro brasileiro.

Fotografia colorida de Um Grito Parado No Ar por Cacá Bernardes - Divulgação Itaú Cultural
Um Grito Parado No Ar | Cacá Bernardes – Divulgação Itaú Cultural

Escrito em 1973, durante a ditadura militar brasileira, Um Grito Parado no Ar se destacou por expor os desafios de se fazer arte em um contexto de repressão.

Na adaptação de Tarifa, a obra preserva sua essência crítica e amplia o diálogo com o presente, conectando as questões sociais da época em que foi escrita, aos desafios culturais contemporâneos.

A narrativa acompanha um grupo de artistas que ensaia uma peça a dez dias de sua estreia. Enquanto pressões externas, como dívidas e restrições financeiras, ameaçam o andamento da produção, a trama reflete a precariedade e a persistência da arte em tempos complexos. Com improvisações baseadas em relatos reais de moradores da cidade, o espetáculo revela as tensões sociais e econômicas que permeiam o cotidiano, reafirmando o teatro como espaço de resistência e transformação.

O ato-espetáculo musical conta com a participação da atriz convidada Dulce Muniz, que interpreta a personagem Flora. O diretor Rogério Tarifa destaca que Dulce fez parte do Teatro Arena e da história do teatro brasileiro. O grupo costuma trabalhar com depoimentos de pessoas, e Dulce traz um olhar especial por ter vivenciado as duas épocas, 1973 e a atual.

“O espetáculo surgiu da colaboração entre meu trabalho e o Teatro do Osso, a partir de uma pesquisa sobre o Teatro Épico no Brasil, inspirada nas obras de Guarnieri. Realizamos um estudo aprofundado sobre esse período, coletando referências e realizando entrevistas com artistas da época. Fomos ao Rio de Janeiro e conversamos com Othon Bastos e Sonia Loureiro. Assim, a montagem representa um encontro entre a companhia Teatro do Osso e um Grito Parado no Ar, unindo características de 1973 e da atualidade, estabelecendo diálogos entre esses dois momentos”, comenta Tarifa.

A direção musical de William Guedes conta com músicas originais compostas por Jonathan Silva criadas especialmente para o espetáculo, enriquecendo a experiência e a conexão com o público.

“Essa abordagem envolve algumas características essenciais, como a dramaturgia coletiva, a música ao vivo e as composições criadas especialmente para o espetáculo. Na nossa montagem, embora o texto tenha origem na dramaturgia de Guarnieri, incorporamos também toda a pesquisa necessária para a construção do espetáculo e desses elementos”, explica Tarifa.

Uma exposição virtual, Do Canto ao Grito – Um Estudo sobre o Teatro Épico no Brasil, reúne músicas, vídeos, documentos históricos e materiais desenvolvidos ao longo do processo criativo. A mostra enriquece a experiência do espetáculo ao ampliar debates sobre temas como censura, violência e desigualdade, reafirmando a relevância da obra de Guarnieri no diálogo entre passado e presente da sociedade brasileira. Visite em www.teatrodoosso.com.br

“As pesquisas duraram 6 anos, buscando compreender a prática artística contemporânea em relação à montagem de 1973. Quando ouvimos pela primeira vez o nome Um Grito Parado no Ar, isso nos provocou uma reflexão profunda. Quais gritos estão parados no ar? Seriam gritos negativos ou violentos? O título criado por Guarnieri, é muito preciso e realmente convida à reflexão” reflete Tarifa.

Junto ao elenco atua um coro, formado por oito integrantes, reunidos em cena como personificação da multiplicidade de experiências pessoais, éticas, estéticas e políticas.

A proposta é trazer a pluralidade de vozes e experiências para contar o que é fazer teatro em 2025, numa convivência entre atrizes, atores e não atores, diferentes gerações, classes sociais, imigrantes, pessoas cis e pessoas trans.

A obra estreou há 52 anos, em um período de forte repressão política, e tornou-se um símbolo da resistência cultural. A frase “Nós vamos estrear nem que seja na marra!”, dita pelo personagem Fernando, ecoava como um manifesto dos artistas contra a censura. Hoje, o Teatro do Osso traz essa força para os palcos, reafirmando a importância do teatro como ferramenta de questionamento e crítica social.

Ficha técnica do espetáculo:

Direção: Rogério Tarifa. 

Dramaturgia: Jonathan Silva, Rogério Tarifa e Teatro do Osso. 

Direção de Atores: Luis André Cherubim e Rogério Tarifa. 

Texto original: “Um Grito Parado no Ar”, de Gianfrancesco Guarnieri. 

Elenco: Guilherme Carrasco, Isadora Títto, Maria Loverra, Oswaldo Ribeiro Acalêo e Rubens Consulini.

Atriz convidada: Dulce Muniz. 

Coro: Dan Nonato, Thiego Torres, Ísis Gonçalves, Marcela Reis, Nduduzo Siba, Rommaní Carvalho, Sofia Lemos e Wilma Elena. 

Iluminação: Marisa Bentivegna.

Direção musical e treinamento vocal: William Guedes. 

Composições originais: Jonathan Silva. Músicos: Gabriel Moreira, Felipe Chacon e Ju Vieira.

Direção de movimento e treinamento: Marilda Alface.

Direção de Arte: Rogério Tarifa.

Cenário: Diego Dac e Rogério Tarifa. 

Figurino: Juliana Bertolini. 

Desenho de som: Duda Gomes. 

Produção Executiva: Carolina Henriques. 

Diretor de palco: Diego Dac. 

Assistentes de Palco: Clara Boucher e Mayhara Ribeiro. 

Técnica de Luz: Gabi Ciancio.  

Técnico de som: Duda Gomes. 

VJ: Lui Cavalcante. 

Assistente de Produção: Julia Terron. 

Assistente figurino: VI Silva.

Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. 

Fotos: Mauricio Bertolin e Cacá Bernardes.

Designer gráfico: Fábio Vieira. 

Ilustração: Elifas Andreato. 

Realização: Teatro do Osso. 

Produção: Jessica Rodrigues Produções Artísticas.

Direção de Produção: Jessica Rodrigues.

Serviço:

Um Grito Parado No Ar

De 29 de maio a 1º de junho – quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h.

Ingressos gratuitos. 

Itaú Cultural

Av. Paulista, 149, Estação Brigadeiro do metrô. São Paulo – SP

Capacidade: 224 lugares.